A VERDADEIRA ALEGRIA: a Bem-Aventurança PELA FÉ (Makarismós) | GÁLATAS 4:15

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Onde Foi Parar a Alegria? Uma Análise Profunda de Gálatas 4:15
Em nossa jornada pela Palavra de Deus, frequentemente somos confrontados com perguntas que nos levam a uma reflexão mais profunda sobre nossa própria condição espiritual. Em Gálatas 4:15, o apóstolo Paulo faz uma pergunta penetrante aos gálatas: “O que aconteceu com a alegria [NVI] / exultação [ARA] de vocês?“. Ele relembra um tempo em que a devoção deles era tão intensa que “se fosse possível, vocês teriam arrancado os próprios olhos para dá-los a mim“.
Este estudo, realizado na Deus e Nós Igreja Online, mergulha no significado dessa “alegria” ou “exultação”, explorando a palavra grega original, Makarismós, para descobrir a fonte da verdadeira bem-aventurança que só pode ser encontrada através da fé em Cristo Jesus.
Desvendando Makarismós: Mais que Felicidade, uma Declaração de Bem-Aventurança
A palavra utilizada no grego para “exultação” (ARA) ou “alegria” (NVI) em Gálatas 4:15 é Makarismós. Seu significado vai além de um sentimento passageiro; trata-se de uma “declaração de bem-aventurança”, o ato de “anunciar alguém abençoado”.
Makarismós deriva de Makarizo (pronunciar bem-aventurado ou feliz), que por sua vez vem de Makarios (bem-aventurado, feliz – um adjetivo). Entender essa raiz é crucial para compreender a profundidade do que Paulo estava questionando e do que a Bíblia ensina sobre a alegria genuína.
A Bem-Aventurança na Prática: Romanos 4 e a Justiça pela Fé
As ocorrências de Makarismós no Novo Testamento nos iluminam. Em Romanos 4:6, Paulo cita Davi: “E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado [Makarismós] o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras”.
- A Profecia de Davi:
- Davi, como profeta (Romanos 4:7-8), já apontava para a obra de Cristo. A verdadeira felicidade (Makarismós) não está em nossas realizações, mas em ter as transgressões perdoadas e a culpa não atribuída por Deus. É ser declarado justo não por mérito, mas pela graça mediante a fé.
- A Fé de Abraão:
- Paulo continua em Romanos 4:9, questionando se essa bem-aventurança (Makarismós) é só para os circuncisos. A resposta é clara: “A fé foi imputada a Abraão para justiça“. Abraão creu em Deus, e essa fé o justificou, tornando-o pai de todos os que creem, antes mesmo da circuncisão ou da Lei. Suas obras foram fruto da fé, não a causa dela.
- A Confiança nas Traduções:
- Durante o estudo, foi ressaltado que as diferentes versões da Bíblia (NVI, ARA, NTLH, etc.) usam palavras como “alegria”, “felicidade” ou “bem-aventurado” para Makarismós. Isso não indica erro ou adulteração, mas a riqueza do termo original. Devemos escolher a versão que melhor compreendemos, confiando que o Espírito Santo preserva a Sua Palavra.
- As Obras que Valem:
- As obras mencionadas por Paulo em Romanos 15:17-19 (“Não me atrevo a falar nada, exceto daquilo que Cristo realizou por meu intermédio…“) são as que importam: aquelas feitas pelo poder de Cristo em nós após recebermos Sua justiça pela fé, não as obras humanas na tentativa de merecer a salvação.
Makarizo e a Fé Exemplar de Maria: “Eis aqui a Serva do Senhor”
A palavra Makarizo (pronunciar bem-aventurado) aparece em Lucas 1:48, no cântico de Maria: “… desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada [Makarizo]”.
Por que Maria é chamada bem-aventurada? Não por uma santidade inerente, mas porque, como explicou a Pastora Sandra, “ela creu naquilo que o anjo falou“. Diante de uma promessa humanamente impossível (a encarnação virginal), que poderia custar-lhe a vida, ela respondeu com fé: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra“. Sua fé, em contraste com a dúvida inicial do sacerdote Zacarias, a tornou um vaso para o milagre de Deus. Deus não escolhe os perfeitos, mas capacita aqueles que creem e se dispõem.
Makarios: A Surpreendente Bênção do Choro e da Perseverança
O adjetivo Makarios (bem-aventurado, feliz) é proeminente nas Beatitudes (Mateus 5). Jesus declara:
- “Bem-aventurados [Makarios] os humildes de espírito …” (Mateus 5:3): Isso não se refere à humildade social, mas à condição de reconhecer a própria pobreza espiritual e a necessidade de Deus. É tornar-se como criança no sentido de nascer de novo, espiritualmente dependente do Pai para entrar no Reino.
- “Bem-aventurados [Makarios] os que choram [Pentheo] …” (Mateus 5:4): Que choro é esse? Não é a tristeza comum do mundo. A palavra Pentheo implica um lamento profundo, um prantear. No contexto cristão, refere-se à dor causada pela consciência do pecado, pela luta entre a carne e o Espírito dentro de nós (Gálatas 5:17), pela compaixão pelas almas perdidas e pelas injustiças do mundo. É a sensibilidade espiritual que surge após o novo nascimento. Esse choro, fruto da ação do Espírito, leva ao consolo divino.
- A Paciência de Jó (Tiago 5:11): Tiago nos lembra: “Eis que temos por felizes [Macarizo] os que perseveram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó …“. A perseverança de Jó em meio ao sofrimento extremo não veio de sua própria força, mas foi sustentada por Deus. Ele é um exemplo de como a firmeza na fé, mesmo na dor, resulta em bem-aventurança.
Pascho: Unidos no Sofrimento e Crescimento do Corpo de Cristo
O sofrimento (Pascho) faz parte da jornada cristã. Não estamos sozinhos nessa luta. Como Paulo ensina em 1 Coríntios 12:26, somos um corpo: “De maneira que, se um membro sofre [Pascho], todos sofrem com ele …“.
Essa dor compartilhada, essa luta contra a velha natureza e as pressões do mundo, é comparada em Gálatas 4:19 (versículo próximo ao nosso texto inicial) às “dores de parto, até ser Cristo formado em vós“. É um processo, por vezes doloroso, mas necessário para nosso crescimento e transformação à imagem de Cristo. A alegria (Makarismós) não significa ausência de luta, mas a presença e a suficiência de Cristo em meio a ela.
Conclusão: A Alegria Inabalável da Fé
Portanto, a verdadeira alegria, a bem-aventurança (Makarismós), não é uma emoção superficial dependente das circunstâncias, nem um prêmio por bom comportamento. É um estado profundo da alma, um dom gratuito de Deus concedido àqueles que, como Abraão, Davi e Maria, depositam sua fé unicamente na obra redentora de Cristo Jesus (o Espírito). É reconhecer nossa necessidade, lamentar nossas falhas no poder do Espírito, perseverar nas provações e crescer juntos como Corpo de Cristo, encontrando Nele a nossa justiça e a nossa paz. Que possamos redescobrir e viver essa alegria que procede da fé.