IMERSOS NO ESPÍRITO: Como CRISTO é GERADO e FORMADO em NÓS? A Luta Espiritual em GÁLATAS 4:19

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Como um cristão amadurece? O que significa verdadeiramente ter Cristo habitando e se manifestando através de nós? Em nosso recente estudo bíblico ao vivo no canal “Segundo o Espírito da Verdade do Evangelho”, conduzido pela Pastora Sandra Ribeiro e pelo irmão Vinícius, mergulhamos profundamente em Gálatas 4:19 para desvendar o processo divino de ter “Cristo formado” em nós. Este versículo poderoso abre portas para entendermos a natureza da nossa jornada espiritual, a realidade da luta que enfrentamos e a esperança gloriosa que temos em Jesus.
Gálatas 4:19 – As Dores de Parto da Formação Espiritual
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Gálatas, expressa sua angústia e cuidado com uma linguagem maternal intensa:
“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado [Morpho] em vós.” (Gálatas 4:19 – ARA)
A expressão “dores de parto” (do grego Odino) não é apenas uma metáfora de sofrimento, mas aponta para um processo de gestação e nascimento. Assim como um bebê é formado harmonicamente no ventre, membro por membro, até estar completo para nascer, Paulo anseia que a própria imagem e natureza de Cristo sejam plenamente desenvolvidas nos crentes.
A palavra crucial aqui é “formado” (Morpho). No grego, ela carrega a ideia de ajustamento das partes, de dar forma externa, moldar algo até que atinja sua estrutura completa e reconhecível. Não se trata de um desenvolvimento desordenado, mas de um processo guiado pelo Espírito Santo, onde cada aspecto da nossa vida (pensamentos, emoções, vontades) é alinhado e conformado à imagem de Cristo. Viver pelo Espírito é permitir que Ele conduza nossa alma, tornando as coisas simples agradáveis e nos guiando nesse processo formativo (Romanos 8:5-6, Gálatas 5:16, 25).
A Verdadeira Arena: Entendendo a Luta Espiritual (Efésios 6:12)
Paulo usa a palavra Pálin (“de novo”), que tem uma raiz (Pale) conectada à ideia de luta, uma competição intensa. Isso nos leva diretamente a outra passagem crucial sobre a natureza da nossa jornada:
“Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne [pessoas], e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.” (Efésios 6:12 – ARA)
O estudo enfatizou que nossa batalha primária não é contra outros seres humanos, nem mesmo contra nosso próprio corpo físico como o inimigo final. O corpo pode ser uma porta, a carne é fraca (Mateus 26:41), mas o adversário real opera em um nível espiritual, invisível. São seres espirituais – principados, potestades, dominadores das trevas – que buscam influenciar e enganar a humanidade.
Portanto, gastar energia tentando “melhorar” o corpo carnal com tecnologia ou focar em conflitos humanos é desviar o alvo. A luta é espiritual e requer armas espirituais (2 Coríntios 10:4), discernimento dado pelo Espírito Santo (1 Coríntios 2:10-16) e foco na Verdade, que é Cristo. Precisamos dar atenção ao Espírito, e não às distrações e enganos sutis do inimigo, que se esconde por trás das aparências.
Rompendo os Grilhões: A Vitória sobre as Dores da Morte (Atos 2:24)
A palavra Odino (“dores de parto”) reaparece em outros contextos importantes. Em Mateus 24:8 e Marcos 13:8, Jesus a usa para descrever os eventos que precedem Sua volta como “o princípio das dores”. Mas seu uso mais triunfante está em Atos 2:24, referindo-se à ressurreição de Jesus:
“Ao qual [Jesus], porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões [Odin – mesma raiz de Odino] da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela.” (Atos 2:24 – ARA)
Por que não era possível a morte reter Jesus? Porque Ele nunca pecou. Ele carregou nossos pecados, sofreu o julgamento em nosso lugar, desceu ao “mundo dos mortos” (Hades/Sheol), mas como era perfeitamente santo e justo, a morte (consequência do pecado) não tinha poder legal sobre Ele. Ele rompeu as “dores” ou “grilhões” da morte, não apenas para Si mesmo, mas para todos que n’Ele creem. Ele pagou o preço do resgate e venceu o inimigo em seu próprio território.
A Forma da Humildade: O Exemplo Supremo de Cristo (Filipenses 2:6-7)
Voltando à ideia de “forma”, a palavra Morphe (relacionada a Morpho) aparece descrevendo a natureza divina e a humildade de Jesus:
“Pois ele [Jesus], subsistindo em forma [Morphe] de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma [Morphe] de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana…” (Filipenses 2:6-7 – ARA)
Jesus, sendo Deus em essência e forma, voluntariamente abriu mão de Seus privilégios divinos (“se esvaziou” – Kenoo), assumindo a forma humana, a condição de servo. Ele não se apegou à Sua divindade para escapar do sofrimento ou da obediência. Essa humildade radical foi o caminho para a vitória sobre o pecado e a morte. Ele se tornou o modelo perfeito para nós, mostrando que a verdadeira força reside na submissão a Deus e no serviço, não na autoexaltação.
Deus se Entristece, Mas Não Falha
O estudo também abordou a questão do “arrependimento” de Deus mencionado em algumas passagens (Gênesis 6:6). Foi esclarecido que isso não significa que Deus cometeu um erro ou não sabia o que aconteceria. A palavra hebraica indica uma profunda tristeza, um pesar no coração de Deus diante da maldade e das escolhas humanas que geram caos e se desviam de Seu propósito bom, perfeito e agradável (Romanos 12:2). Deus, em Sua soberania e presciência, permite o livre arbítrio, mesmo sabendo que isso Lhe causaria dor, pois Ele é um Deus de liberdade. Ele não é o autor do mal, mas usa todas as coisas, inclusive as consequências das más escolhas, para cumprir Seu plano redentor final, pois Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hebreus 13:8, Tiago 1:17).
Conclusão: O Chamado à Imersão e Maturidade Espiritual
Ser “formado à imagem de Cristo” é um processo contínuo que envolve as “dores de parto” da transformação espiritual. Requer que compreendamos a verdadeira natureza da nossa luta – não contra pessoas, mas contra forças espirituais – e que nos revistamos das armas espirituais providas por Deus, especialmente a Palavra e a direção do Espírito Santo. Exige humildade, seguindo o exemplo de Jesus, e atenção constante para não sermos desviados pelas distrações e enganos do mundo.
Que possamos buscar essa imersão diária no Espírito, permitindo que Ele nos molde e nos conforme à imagem gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo, até que Ele seja plenamente formado em nós.