Armas da Carne na Igreja: Como a Ira e a Inveja Minam a Comunhão dos Santos

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A batalha espiritual mais crucial que um cristão enfrenta contra principados, potestades, poderes e autoridades não começa diretamente contra eles de forma externa, mas em si mesmo, na sua própria carne, para guardar seu próprio coração e, consequentemente, dentro da comunhão dos santos. O apóstolo Paulo, em Gálatas 5:19-21, nos alerta sobre as “obras da carne”, e entre elas, duas armas particularmente destrutivas se destacam por sua capacidade de corroer a unidade da igreja: a ira e a inveja.
Em nosso recente culto e estudo bíblico, mergulhamos profundamente no significado original dessas palavras para entender como elas operam e, mais importante, como podemos vencê-las através da vida no Espírito.
A Dupla Face do Zelo: O Risco da Inveja Amargurada
Ao estudarmos a lista de Gálatas, encontramos a palavra “ciúmes” ou “inveja”, que no grego é zelos (G2205). A primeira revelação surpreendente é que esta palavra não é inerentemente negativa. Ela descreve um fervor, um ímpeto. A questão crucial é: qual a fonte desse fervor?
Construindo um Altar para a Carne: O Perigo da Inveja Amargurada
Tiago, servo de Deuse do Senhor Jesus Cristo, nos dá a chave em seu livro, ao falar de uma “inveja amargurada” (Tiago 3:14). A palavra para “amargurada” aqui é picros, que significa algo pontiagudo, que perfura, é fatal. Ela vem de uma raiz que significa “fixar, erigir, construir”.
Assim, a mensagem é poderosa: quando a inveja vem da nossa natureza carnal, ela não é apenas um sentimento passageiro. Nós, sem perceber, “construímos” um altar para ela em nosso coração. Fixamos uma obstinação perversa que se levanta não apenas contra pessoas, mas contra a própria Verdade, que é o Senhor Jesus Cristo. Como foi dito no estudo, é “como quem levanta um estandarte e se opõe ao Senhor Jesus Cristo”. Onde esse tipo de zelo carnal opera, o resultado é confusão, instabilidade e “toda espécie de coisas ruins”.
O Antídoto Divino: O Fervor do Espírito
Em contraste, a mesma raiz de zelos, a palavra zeô, é usada positivamente em Romanos 12:11: “No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor.” Desse modo, ser fervoroso de espírito é ser “quente”, cheio de uma santa diligência pelas coisas de Deus. É o oposto da lentidão espiritual (okneros), da hesitação em seguir a Jesus Cristo. O verdadeiro zelo, o zelo do Espírito, nos impulsiona para a obediência, para a adoração e para a edificação do corpo, e não para a sua destruição.
A Fúria Assassina da Ira: O Dia em que a Cidade de Jesus Tentou Matá-lo
A seguir na lista de Gálatas, encontramos a “ira”, no grego thimos (G2372). Esta não é uma simples irritação. Thimos descreve uma paixão que ferve, uma raiva explosiva, uma fúria que busca destruir. Sua raiz, tio, significa “sacrificar, imolar, assassinar”.
Para ilustrar a devastação que a thimos pode causar, o estudo nos levou a um dos momentos mais tensos do ministério de Jesus, em Lucas, capítulo 4.
Lucas 4: Da Admiração à Tentativa de Homicídio
Jesus entra na sinagoga de Nazaré, Sua cidade. Ele lê a profecia de Isaías sobre o Ungido do Senhor e declara: “Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lucas 4:21). Inicialmente, todos se maravilham.
No entanto, a admiração rapidamente se transforma em soberba e incredulidade. Eles o veem apenas como “o filho de José” e exigem sinais. Quando Jesus os confronta, lembrando que a bênção de Deus nos tempos de Elias e Eliseu foi para estrangeiros (a viúva de Sarepta e Naamã, o sírio) e não para os israelitas incrédulos, a atmosfera muda drasticamente.
O versículo 28 relata: “Todos na sinagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira (thimos).” Aquela ira assassina tomou conta deles. Eles o arrastaram para fora da cidade com a intenção de jogá-lo de um precipício. A mesma multidão que o admirava momentos antes agora queria matá-lo.
O Poder Soberano do Espírito sobre a Carne
O clímax revela a nossa esperança e o nosso caminho para a vitória. A carne, em sua fúria, é impotente diante da soberania do Espírito. O versículo 30 diz:
“Jesus, porém, passando por entre eles, retirou-se.”
Ele não precisou de um exército de anjos. Seu poder espiritual era tão absoluto que uma multidão assassina não pôde tocá-lo antes da Sua hora.
Logo, isso nos ensina que, embora a ira da carne seja real e perigosa, maior é Aquele que está em nós do que o que está no mundo. Nele, podemos “passar por entre” as fúrias e oposições, perseverando em nossa jornada.
O Caminho da Vitória: Abandonando as Armas da Carne
Como, então, podemos na prática desarmar a ira e a inveja em nossas vidas?
- Cresça no pleno Conhecimento de Cristo Jesus: A vitória sobre a carne começa na mente. É pelo “pleno conhecimento dEle” (Efésios 1:17) que nossos olhos são iluminados e entendemos nossa posição no Senhor Jesus Cristo. Quanto mais conhecemos a verdade, menos espaço damos à mentira da carne.
- Participe da Comunhão: A Santa Ceia do Senhor Jesus é mais do que um ritual. É um ato de realinhamento. Ao comermos do corpo e bebermos do sangue, declaramos nossa unidade com Cristo e nossa morte para o pecado. Somos lavados, purificados e fortalecidos, recebendo Sua saúde e Sua justiça. E restabelecidos na consciência da comunhão que os santos filhos de Deus devem ter por intermédio de Cristo Jesus, o Espírito, uma comunhão que é antes verdadeira com o Espírito e, assim, será verdadeira entre os filhos de Deus. A comunhão com o Pai e com o Filho, primeiro com o Espírito que é Deus (Pai e Filho são um) e depois com os irmãos em Cristo (João 14:6-7, 9-11).
- Busque a Perseverança que Cristo Dá: A vida cristã exige perseverança. Como orou o apóstolo Paulo, que o Senhor nos guie “à perseverança que Cristo dá” (2 Tessalonicenses 3:5). Não é uma força que produzimos, mas uma provisão de fruto que recebemos dEle para continuar a jornada, mesmo em meio às batalhas; e isso é obtido pelo crescimento do Espírito, que cresce à medida que é alimentado pela palavra pura de Deus (Mateus 4:4; João 17:17; 1 Coríntios 3:1; 1 Pedro 2:2).
Portanto, a Comunhão dos santos é um tesouro precioso. Não permitamos que as armas da carne a minem. Que possamos, em vigilância e pelo poder do Espírito, cultivar o amor, a paz e a unidade, para a honrae glória do nosso Senhor Jesus Cristo, o nosso Deus.